Tão Combatido Jamais Vencido

Quando o Cruzeiro entra em Campo, junto com ele, entram 8 milhões de guerreiros e guerreiras.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Torcedores e “Torcedores”


O Cruzeiro receberá, neste final de semana que se avizinha, o São Paulo em sua casa provisória, o Parque do Sabiá. Naquela casa, o conceito de lar se aproxima muito mais do visitante que do anfitrião, dada sua proximidade regional com a capital paulista. Em geral, e não é muita novidade, os torcedores do “bico” tem o péssimo costume de serem fãs dos times do estado vizinho, São Paulo.

A local da partida, distante de nosso verdadeiro lar, na Pampulha, se deve a uma punição sofrida pelo Maior Clube de Minas em razão de atos – digamos assim – inadequados de seus torcedores. Atos de vandalismo, briga entre torcedores e outras bestialidades semelhantes.

Em dia de comemoração! Para tornar a coisa ainda mais bestial, ou melhor ainda, mais besta. Sô!

Note que não faço distinção entre bons e maus torcedores. Não os coloco entre aspas e nem os condeno a uma cela – merecidíssima! – pela burrice de seus atos. São torcedores do Cruzeiro – pouco inteligentes, para ser franco – e ponto final. E, por isso, o clube pagará a punição que lhe cabe. E, sim, lhe cabe!

Não compartilho dessa ideologia de que esses “arruaceiros”, “vândalos”, “criminosos” e portadores de outras alcunhas criativas, não são “torcedores de verdade” do Cruzeiro. São sim, são torcedores, fazem parte de uma imensa massa  China de mais de 8 milhões de pessoas que colocam a cor azul como a sua preferida, o Cruzeiro do Sul como a melhor constelação e um clube de futebol entre seus filhos e parentes na hora de pedir uma benção antes de dormir.

É o preço que se paga por se ter uma torcida imensa. É o dano colateral de se ter seguidores tão apaixonados. Em uma torcida tão numerosa cabe todo tipo de gente, dentre eles os “maus e inconseqüentes” que, apesar disso, são sempre “corajosos e fiéis”. Para que não nos sintamos demasiado seguros, talvez dissesse aquele senhor de semblante grave e vasta barba branca.

Ainda que nada justifique a banalidade de uma agressão entre irmãos, ainda que nada justifique o descontrole da agressão ao inimigo – a este damos o nosso melhor desprezo, ainda assim são torcedores do Cruzeiro Esporte Clube. E ninguém, nem o mais correto Cruzeirense, pode lhes tirar a alegria das vitórias e a tristeza das derrotas que cada um de nós sente ao final de cada combate.

A China azul somos todos nós, em Pequim ou em Beagá. Nossa torcida é aquela energia que emitimos de todos os cantos: do estádio, da sala em frente a TV, do ônibus ao radinho, do bar com a cerveja lado, ou quem sabem, d'uma cela isolada onde alguém se redime de seu crime através dos deuses da bola.

Que eventos lamentáveis como os que vimos em 2013 não se repitam. E que não se repita nunca mais a tentativa de se desqualificar o sentimento de um cruzeirense, seja ele quem for, tenha ele feito o que tiver feito, pois é inútil. Este sentimento nunca vai parar.